Entretantos

Warsaw Chopin Airport - By me 
Estou há aproximadamente meia hora confinada no meio de transporte que, hoje em dia, mais familiar me é. Sempre adorei voar e nunca me foi possível encontrar sensação que se igualasse àquela de levantar voo. Talvez essa adrenalina inerente à descolagem que de mim se apodera seja apenas uma das tantas analogias da vida referentes à minha dificuldade, de outrora, de manter os pés na Terra - metaforicamente.
Escolho sempre o lugar à janela e dou-me ao luxo de cinco minutos de birra se não mo atribuirem. Gosto de olhar pela janela, as alturas relaxam-me. Regresso de duas semanas cheias em Portugal. À medida que me vou aproximando da Letónia, o calor que me abraçou em Portugal vai arrefecendo e as responsabilidades batem-me na cara como água fria pela manhã.
Comigo trago a força que roubei daqueles que bateram o pé como quem exige mais uma oportunidade de me abraçar durante a minha éfemera estadia na Pátria. Trago, também, a desilusão a acariciar o desprezo por aqueles que julguei levar para a vida mas que a vida levou. Se há coisa que emigrar te ensina é a filtrar aquilo e, especialmente, quem te faz falta e te preza.
Vou, como sempre, sem tristeza. De sorriso no rosto para cumprimentar a Letónia, o albergue dos meus sonhos, que sempre tão gélida me recebe, mas eu gosto tanto dela assim...
Da janela ninguém me tira.
Escrito a 17/04/2017.
Patrícia Lima

Comentários

  1. Mostra o quanto bons valores morais, carácter possuis... A minha guerreira😊. O exemplo que foste, es para todos... Mereces todo o sucesso do MUNDO!! 😚😚😚

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